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{"id":153,"date":"2013-10-29T19:47:53","date_gmt":"2013-10-29T19:47:53","guid":{"rendered":"http:\/\/wagnerwoelke.com.br\/?page_id=153"},"modified":"2013-10-29T19:47:53","modified_gmt":"2013-10-29T19:47:53","slug":"economia","status":"publish","type":"page","link":"http:\/\/www.wagnerwoelke.com.br\/artigos-2\/economia\/","title":{"rendered":"Economia"},"content":{"rendered":"

IND\u00daSTRIA NACIONAL X CONSUMO INTERNO<\/p>\n

O setor industrial segue c\u00e9lere seu destino de ser engolido pelos importados, processo verificado de forma crescente e fortemente incrementado no ano passado.<\/p>\n

Entre os fatores deste massacre, a taciturna pol\u00edtica econ\u00f4mica implementada no pa\u00eds, que \u00e9 muito lenta ao reagir ao din\u00e2mico mercado internacional e suas investidas leoninas.<\/p>\n

Assistimos \u00e0s famintas investidas dos produtores internacionais ao nosso alegado saud\u00e1vel mercado consumidor interno, quase nos ufanando por estarmos aparentemente longe da ru\u00edna dos tradicionais mercados norte-americano e europeu, e isso nos faz cochilar sobre louros enganosos de quem pensa que est\u00e1 imune ao panorama mundial nada tranq\u00fcilizador.<\/p>\n

Por conta disso, ao verificarmos os indicadores econ\u00f4micos do ano de 2011, n\u00e3o podemos deixar de ficar preocupados com os rumos reservados ao nosso setor produtivo.<\/p>\n

No geral, em 2011 22,8% de todos os manufaturados consumidos no Brasil veio de fora. N\u00e3o \u00e9 este articulista defensor de algum ing\u00eanuo processo de isolamento econ\u00f4mico do pa\u00eds, para nos tornarmos de uma imposs\u00edvel suposta autosuficiencia em alguma coisa neste mundo cada vez mais com cara de aldeia global.<\/p>\n

Por\u00e9m vimos ontem, 1\u00ba. de Fevereiro, nossos hermanos da Argentina impor um pacote de controle geral de importa\u00e7\u00f5es que afeta diretamente ao seu maior parceiro comercial, n\u00f3s, colunas que somos do malfadado bloco econ\u00f4mico chamado de Mercosul: \u00e0s favas com v\u00e1rias garantias de condi\u00e7\u00f5es privilegiadas de tr\u00e2mites e tributa\u00e7\u00e3o de mercadorias entre os pa\u00edses membros, Brasil e Argentina dividindo o status e a responsabilidade de serem as firmes colunas que o sustentam.<\/p>\n

No \u00e2mbito geral do com\u00e9rcio internacional, outros blocos econ\u00f4micos e outras na\u00e7\u00f5es miram nossos consumidor interno, v\u00e1rios deles empolgados por terem nas m\u00e3os algum produto importado, n\u00e3o visualizando que, enquanto consumimos massivamente coisas que v\u00eam do outro lado do planeta, prejudicamos nosso quadro interno de desenvolvimento tecnol\u00f3gico, emprego e at\u00e9 mesmo a balan\u00e7a comercial.<\/p>\n

Conseq\u00fc\u00eancias imediatas disso:<\/p>\n

Mercado de celulares: a importa\u00e7\u00e3o de aparelhos em 2011 cresceu de 7 milh\u00f5es de aparelhos em 2010 para 15 milh\u00f5es de aparelhos em 2011. Em contrapartida, as exporta\u00e7\u00f5es brasileiras de do mesmo equipamento retraiu-se de 13 milh\u00f5es de aparelhos em 2010 para 7 milh\u00f5es em 2011 (Abinee). Este quadro revela v\u00e1rios sintomas a serem avaliados com carinho: o j\u00e1 identificado h\u00e1 d\u00e9cadas, famoso e propalado embora jamais atacado a s\u00e9rio \u201ccusto Brasil\u201d, que inviabiliza uma concorr\u00eancia competitiva com os produtos fabricados em economias mais din\u00e2micas, somado ao avan\u00e7o tecnol\u00f3gico a passos galopantes e exponenciais conseguido nos fabricantes notadamente asi\u00e1ticos, cuja corrida j\u00e1 estamos perdendo…<\/p>\n

O resumo do mercado de celulares: em 2011 as importa\u00e7\u00f5es crescerem 111% em valores, e nossas exporta\u00e7\u00f5es despencaram 48% idem; as importa\u00e7\u00f5es de equipamentos de telecomunica\u00e7\u00f5es no ano passado aumentaram em 35% em rela\u00e7\u00e3o a 2010, e nossas exporta\u00e7\u00f5es diminu\u00edram em 19%.<\/p>\n

No setor automotivo, onde o Brasil tem o 3\u00ba. Mercado consumidor do planeta, nosso \u201cacordo\u201d comercial com o simp\u00e1tico M\u00e9xico resultou em 2011 em importa\u00e7\u00f5es de 2 bilh\u00f5es de d\u00f3lares de ve\u00edculos e pe\u00e7as daquele pa\u00eds, contra exporta\u00e7\u00f5es de m\u00edseros 372 milh\u00f5es na mesma moeda. (Isso sem falar que os milhares de carros que v\u00eam daquele pa\u00eds circulam em nossas ruas e estradas com equipamentos de seguran\u00e7a que n\u00e3o atendem as especifica\u00e7\u00f5es da autoridade brasileira de transito(!)). Com base nas \u201cfacilidades\u201d do acordo, os lan\u00e7amentos de ve\u00edculos ultramodernos e luxuosos que fazem a del\u00edcia do deslumbrado consumidor brasileiro que poderiam e deveriam ser fabricados aqui em Pindorama, o s\u00e3o na terra da tequila, enquanto nossas f\u00e1bricas de automotivos encolhem com o fim de linha de modelos antigos e ultrapassados tecnologicamente. Os carros que os fabricantes resolvem fabricar por estas paragens simplesmente n\u00e3o agregam o que h\u00e1 de mais moderno e avan\u00e7ado, e contribu\u00edmos para que os outros pa\u00edses, os fabricantes, se distanciem cada vez mais na vertiginosa corrida tecnol\u00f3gica.<\/p>\n

24,4% dos ve\u00edculos vendidos em 2011 n\u00e3o falam o delicioso portugu\u00eas do Brasil (literalmente: seus comandos em l\u00edngua estrangeira escancaradamente ignoram os dizeres do nosso C\u00f3digo de Defesa do Consumidor, em processo j\u00e1 denunciado aqui \u2013 engra\u00e7ado: h\u00e1 alguns anos trabalhava na filial brasileira de um dos maiores fabricantes de tratores do mundo, e export\u00e1vamos v\u00e1rias unidades para a Ar\u00e1bia Saudita. Nenhum trator sa\u00eda dos port\u00f5es da ind\u00fastria sem que todos os seus comandos estivessem grafados na l\u00edngua p\u00e1tria do destinat\u00e1rio. Aqui, n\u00e3o nos importamos de comprar coisas com instru\u00e7\u00f5es e indica\u00e7\u00f5es inintelig\u00edveis ao nosso uso…), e as importa\u00e7\u00f5es cresceram em valor 21,5% em 2011 em rela\u00e7\u00e3o a 2010, e nossa atividade industrial no mesmo ramo cresceu apenas 2,4%, autope\u00e7as inclusas.<\/p>\n

No setor t\u00eaxtil, um dos maiores produtores mundiais de algod\u00e3o viu sua ind\u00fastria de transforma\u00e7\u00e3o deste material encolher 14,9% em 2011, ao passo em que verificamos que mais de \u00bc do que consumimos no mesmo ano veio de fora.<\/p>\n

\u00c9 o fen\u00f4meno da desindustrializa\u00e7\u00e3o de v\u00e1rios setores tupiniquins. N\u00e3o \u00e9 necess\u00e1rio ser economista ou algum grande especialista na \u00e1rea para entender que o incremento das importa\u00e7\u00f5es de manufaturados implica o fechamento das ind\u00fastrias locais, com todas as conseq\u00fc\u00eancias sociais e trabalhistas, e o abandono de processos de aperfei\u00e7oamento t\u00e9cnico dos produtos, o que a m\u00e9dio e longo prazo pode inviabilizar seriamente a atividade industrial de ponta no pa\u00eds.<\/p>\n

Incomoda ver que somos grandes exportadores de mat\u00e9rias primas, suco de laranja, caf\u00e9 e soja, e cada vez mais nos apresentamos para reassumir nosso papel que t\u00e3o bem j\u00e1 desempenhamos historicamente, por s\u00e9culos, na \u00e9poca do Brasil-Col\u00f4nia: grandes importadores de manufaturados. <\/p>\n

Wagner Woelke<\/p>\n

Artigo publicado originalmente em http:\/\/perspectiva-lusofona.weebly.com\/2\/category\/wagner%20woelke\/1.html, em 02\/11\/2012<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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